Mesmo em um mercado aquecido, aonde as empresas enfrentam muitas dificuldades para completar os seus quadros de funcionários, ainda podemos observar milhares de pessoas com dificuldades de conseguir um trabalho, ou alcançar uma remuneração que julguem dignas.
Quando se é jovem na busca de um primeiro emprego, a primeira dificuldade é passar pela barreira da “falta de experiência”. Quantas vezes já não ouvimos jovens reclamando que não conseguem o emprego desejado por não terem experiência, mas que não conseguem experiência por não terem emprego? E passam por poucas e boas até conseguirem mostrar o seu potencial e adquirir a experiência suficiente para conquistar seu espaço nas empresas.
Como resultado, os jovens com melhores condições sociais, acabam aumentando os seus anos de estudo antes de entrar no mercado. Décadas atrás, um curso técnico (de nível médio), poderia garantir uma empregabilidade alta e boa remuneração. Mas quem tem condições, sabe que hoje em dia além de fazer um curso superior o melhor é já ter no currículo um MBA ou pós-graduação. Vários cursos e especializações vão fazer a diferença antes de começar a procurar uma chance de entrar no mercado em uma posição com boa remuneração e possibilidades de evolução na carreira.
Passada a primeira barreira e depois de quase duas décadas dentro da escola, então o profissional vai aproveitar os frutos de seus esforços e entre seus 25 e 35 anos de idade terá sua época de ouro. Provavelmente irá trabalhar muito e, contando com um pouco de sorte também, encontrar várias oportunidades de se desenvolver profissionalmente e conquistar melhores salários.
Porém, passando os 40 ou 50 anos de idade, o mercado que antes o recebia de portas abertas, vai começar a ver este profissional com outros olhos. O preconceito não vai ser evidente, mas ao buscar novas posições, este profissional vai cada vez ouvir mais desculpas como: “estamos procurando profissionais mais atualizados”, “precisamos de alguém com mais energia”, “não podemos pagar uma remuneração a altura de sua experiência”, ou algum outro critério, geralmente subjetivo e preconceituoso, para optar por profissionais mais jovens. O fato é que as empresas estão sempre procurando melhorar a relação custo X benefício e muitas vezes caem na armadilha de achar que os benefícios trazidos por profissionais mais experientes não compensam possíveis custos a mais que estes profissionais possam trazer.
Como fugir desta tirania do mercado? Como não cair na armadilha, aonde hora você é muito jovem, ou sem experiência, mas de repente corre o risco de passar a ser muito caro, ou muito velho?
Vou pegar emprestado algumas ideias de Domenico de Masi em sua obra “O ócio criativo” e tentar ter um vislumbre do futuro do trabalho e como nos prepararmos para ele. Sua tese é que na sociedade pós-industrial, se sairá melhor quem conseguir combinar ao longo de toda sua vida três elementos: trabalho, estudo e jogos. Então estes aspectos de nossa vida não devem estar mais separados. Enquanto trabalhamos devemos continuar estudando, mas temos que integrar também a parte dos “jogos” ou atividades lúdicas, de entretenimento, lazer (ou brincadeiras que fazem parte da convivência entre pessoas), ou aquilo que nos dá prazer. Quando tudo estiver integrado e não forem mais momentos separados de nosso dia a dia, talvez nosso trabalho tenha um significado maior do que apenas o nosso emprego.
A busca por significado no que se faz, é uma das grandes fronteiras a serem superadas em nossas carreiras e com certeza dentro das empresas. Quando se busca por um significado, o trabalho deixa de ser uma repetição de atividades monótonas e transforma-se em um estudo e aperfeiçoamento constante. O melhor de tudo é que encontraremos prazer e satisfação no processo, deixando de ser um fardo. E olhando os exemplos dos profissionais mais bem sucedidos, vemos que eles encontram muita satisfação fazendo o que fazem e estão em constante aprimoramento, pois querem aprender cada vez mais.
Encontrar as condições perfeitas para conciliar o trabalho, estudo e prazer, ainda não é uma tarefa simples e talvez não o seja por um bom tempo. Mas acredito que cada vez mais, os profissionais que conseguirem realizar esta fusão, irão prosperar e ter uma vida profissional mais plena e duradoura do que a geração atual. Afinal, que empresa que não vai valorizar profissionais que amam o que fazem (pois fazem por prazer) e estão em eterno crescimento e desenvolvimento?
A grande questão então deixa de ser nossa idade, nossas habilidades ou experiências. A questão passa a ser então se escolhemos fazer profissionalmente algo que nos dá prazer, nos motiva a melhorar/estudar continuamente e traz significado para nossas vidas?
Se a resposta for sim, você provavelmente terá melhores condições para enfrentar o futuro, pois o foco não estará mais em pra quem você trabalha, mas estará em VOCÊ.