Já não era novidade para os filósofos gregos que, dentre as poucas coisas na vida que nunca mudam, está o fato de que as coisas sempre mudam. E uma destas grandes mudanças, que acabam acontecendo com a maioria das pessoas, é a troca de emprego, seja ela planejada ou não.
Pode ser causada pela crise mundial ou devido a uma nova tecnologia que tornou obsoletas habilidades e qualificações antes essenciais. Pode ser pela alteração de chefia ou de estratégia da empresa. Ou ainda, a mudança pode ser provocada pelo próprio profissional, à procura de novos desafios, maior satisfação ou melhor remuneração.
Embora mudar seja uma das constantes básicas de nossa vida, nem sempre estamos preparados para isso. Muitas vezes, tentamos resolver problemas novos com respostas antigas. Enfrentamos situações diferentes com as mesmas atitudes que tínhamos antes, sem perceber e viver a mudança. É uma tendência a agir por inércia e resistir às alterações que acontecem no meio do caminho, mantendo o mesmo padrão de comportamento anterior até que seja gasta muita energia, nossa ou das pessoas ao redor, quando, enfim, é alcançada uma nova zona de conforto.
Para não cair nessas armadilhas, é preciso encarar a mudança de emprego com seriedade, dedicação e planejamento. É necessário lembrar que não apenas você precisará lidar com esta mudança, mas também sua família, seus amigos, sua nova chefia e seus colegas de trabalho. Você vai conviver com novas identidades, relacionamentos, comunidades, atitudes, emoções e poderes diferenciados.
Maquiavel já nos prevenia em relação à transição de carreira quando dizia que “o reformador tem inimigos em todos aqueles que se beneficiam da ordem antiga”. Neste caso, ao começar em uma nova função, somos este “reformador” da situação que havia antes, trazendo para a organização nossa identidade, habilidades e emoções.
Isso mostra que é preciso cuidado para não afrontar a cultura da nova empresa, pois o profissional que se sentir preterido com sua chegada – seja em poder, influência, salário, cargo ou controle -, será um forte opositor às mudanças que sua presença poderá gerar na organização. Oposição que poderá ser passiva, com falta de comprometimento, como também mais direta, podendo chegar à sabotagem.
Para que essa mudança não seja um problema, mas sim um novo desafio em sua vida, é necessário observar alguns passos que podem facilitar a sua adaptação. Em primeiro lugar, planeje. Escreva os objetivos e metas que você pretende atingir no seu novo emprego. E responda a perguntas sobre os métodos necessários para atingi-los, quem pode contribuir para o seu sucesso e quais pessoas podem se sentir ameaçadas. A partir daí, estabeleça um plano de como agir com cada uma delas, sempre com honestidade e ética.
Mas a execução é tão importante quanto o planejamento. Por isso, faça! Realize suas tarefas com entusiasmo e dedicação. Mostre os resultados que a empresa esperava ao contratá-lo. Além disso, verifique constantemente o seu progresso. Faça relatórios para o seu chefe sobre seu desenvolvimento e os resultados alcançados e peça feedback. Solicite feedback também a seus colegas e subordinados. Você está alcançando os objetivos planejados? Está conseguindo executá-los e ainda conquistando aliados ou pisou no calo de alguém?
Todas as percepções que ouvir servirão para verificar seu progresso e perceber pontos de melhoria. É chegado o momento de agir corrigi-los. Recebeu um feedback negativo ou positivo? Volte ao início do ciclo e planeje como aprimorar os pontos positivos e como melhorar os negativos.
Estes quatro passos foram diretamente baseados no ciclo P.D.C.A.(Plan-Do-Check-Act). O uso de algumas técnicas de gerenciamento de qualidade, aos poucos, poderá fazer você chegar a um padrão de conforto neste novo desafio profissional. De quebra, você ainda terá exercitado a melhoria contínua, um excelente mecanismo que continuará impulsionando sua carreira.